Salão de Abril nos terminais

Secretaria de Cultura de Fortaleza COMENTÁRIOS

Salão de Abril nos terminais provoca inquietude e encantamento



Há um mês que os terminais do Siqueira e Papicu viraram galerias de arte a céu aberto. Todos os dias, há seis anos, Socorro Lopes, vendedora, circula pelo terminal de ônibus do Siqueira. Mas, segundo ela, é a primeira vez que vê algo tão inusitado como as obras de artes visuais expostas no lugar, através do 59º Salão de Abril, mostra de artes visuais realizada pela Prefeitura Municipal de Fortaleza, através da Secretaria de Cultura de Fortaleza (Secultfor). "É um trabalho muito bonito e bem diferente. Sempre que vejo algo assim, me inquieto; quem fez essas obras?". A pergunta da transeunte é respondida pelo mediador Emanuel Régis. Selecionado para compor a equipe do educativo do Salão e dialogar com os transeuntes, propondo-os trocas de saberes e novos olhares sobre a arte, Emanuel provoca Socorro a refletir sobre a obra "Oito", de Luiz Sales (CE), uma intervenção numa fotografia de passantes da Praça do Ferreira, que deixou todos sem cabeça. "É tão estranho, mas ao mesmo tempo bonito", reflete a vendedora. A obra também incomoda Irismar de Carvalho, dona de casa. Desde que foi morar no Bom Jardim, há seis meses, ela usa os ônibus que circulam pelo terminal de ônibus do Siqueira. "Estava observando e achei bem diferente. As pessoas estão sem cabeça... sem cabeça a gente não pensa nada". Dona Lenita Andrade, 78 anos, diz que circula pelo terminal desde 1977 e nunca tinha visto nada tão diferente. "É muito bonito e ficou ótimo!", celebra. Ao seu lado, a professora Fabiana Feitosa complementa: "Essas obras chamam a atenção da gente. A obra dos selos é bem diferente e bonita ("Filatelia", da Heloísa Etelvina, SP) . A arte faz com que a gente saiba um pouco mais sobre nós mesmos e sobre a nossa história". Ocupar os terminais de ônibus do Siqueira e Papicu, lugares por onde circulam cerca de 500 mil pessoas por dia, é um dos maiores desafios conceituais da atual edição do Salão de Abril, já que, via de regra, ao longo de sua história, só ocupou salas de exposições convencionais, como o Centro de Referência do Professor. Para cumprir a proposta com a responsabilidade devida, a 59ª edição do evento selecionou 20 mediadores, entre estudantes universitários. Estudantes como Amanda Loureiro, que faz o Curso Tecnológico em Artes Plásticas no Cefet. Para ela, o exercício mais desafiador dessa ação é exercitar a escuta: "A gente tem que se preocupar mais em escutar e trocar idéias com o observador do que em dar informações sobre as obras". O também mediador Emanuel Régis, estudante de Letras na UECE, revela que essa intervenção nos terminais é um grande desafio, mas não só para o Salão. "É um desafio pessoal. E eu fiquei muito surpreso porque mesmo que os terminais sejam lugares de pressa e de passagem, as pessoas param para ver as obras. E terminam relacionando o que vêm com suas próprias vidas". Carol Ruoso, coordenadora da vertente educativa da mostra, diz que os mediadores fizeram um curso incluindo noções sobre teorias da arte-educação e a arte contemporânea. "Os jovens estudantes também foram preparados para realizarem pesquisas de recepção sobre as percepções da arte nos terminais e sobre a relação do público com museus e galerias", adianta. As duas pesquisas darão base para um estudo sobre a relação do fortalezense com a arte. De acordo com Fátima Mesquita, secretária de Cultura de Fortaleza, este estudo deve ajudar o município a pautar as ações futuras no campo de artes visuais. "Esse é só um primeiro passo na discussão ampla e coletiva que queremos fazer nesta área. Vamos construir juntos essa política, justamente para que todos se sintam responsáveis e artífices". Serviço Centro de Referência do Professor (Rua Conde D'Eu, 560, Centro) Período de exposição: de 15 de outubro a 23 de novembro Visitação: de segunda a sexta, das 8h às 20h, e sábados, das 8h às 15h30 Terminais de ônibus Siqueira e Papicu: diariamente e sem limitação de horário. Site oficial do evento: www.salaodeabril.org Informações para a Imprensa na assessoria de Imprensa da Secultfor, falar com Isabelle Câmara ou Larissa Lima, nos telefones 3105-1386/ 8899-8705. Ou ainda com a Ampla Assessoria de Comunicação, no telefone 3227.0863

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