A Arte e a Cidade

Centro Cultural BNB COMENTÁRIOS

A Arte e a Cidade

Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura abre exposição individual de esculturas de Erickson Britto nesta quarta-feira, 10 de agosto.



O Centro Dragao do Mar de Arte e Cultura (Rua Dragao do Mar 81 – Praia de Iracema – Fortaleza CE – Cep 60060-390 – Fone (85) 3488 8600) abrirá dia 10 de agosto de 2011, às 19 horas, na Sala Multiuso, exposição individual de ERICKSON BRITTO, cujo tema traz A Arte e a Cidade como discussão.

Esta mostra no Centro Dragão do Mar faz parte do trajeto itinerante da mostra, que já passou pelas cidades de Recife-PE (Museu de Arte Contemporânea de Pernambuco), João Pessoa-PB (Estação Cabo Branco, Ciências, Cultura e Arte), Feira de Santana-BA (Museu Regional de Arte – Universidade Estadual de Feira de Santana), Salvador-BA (Centro Cultural Correios) e Rio de Janeiro-RJ (Centro Cultural Correios). Contatos estão sendo mantidos no sentido de levar esta mostra para Berlim, na Alemanha.

A mostra que reúne 30 trabalhos, traz esculturas, maquetes de obra pública, objetos e jóias, obras de diversos períodos que se complementam nessa mostra para formar uma linguagem única da obra do artista plástico e designer Erickson Britto, que também está completando 30 anos de produção.

A Curadoria da exposição, catálogo e textos, trazem a concepção de Vera Barros. O site www.ericksonbritto.com.br tem a assinatura do web designer Daniel Gularte e permite ao visitante navegar pela produção inicial de Erickson, desde as jóias até a produção contemporânea de objetos, esculturas e obras de grandes dimensões. Erickson recentemente recebeu um prêmio da Prefeitura de João Pessoa, através do Concurso de Obra Pública Jackson Ribeiro, para a construção de uma escultura denominada “Saudação ao Sol”, que está instalada na Av. Beira Mar da Praia de Tambaú, local de grande visibilidade e fluxo turístico em João Pessoa-PB. A maquete da obra também faz parte desta mostra.

A ARTE E A CIDADE

A primeira visão aérea de João Pessoa, na infância, criou a identidade conceitual das suas obras de arte: o espaço público.

Vera Barros, que assina a curadoria da mostra, afirma que figuração e abstração em Erickson Britto não são opostos. Sua obra se deriva da influência do seu olhar para a arquitetura e urbanismo de sua cidade natal.

“Quando criança, ao observar a cidade, a partir de uma vista aérea, ao subir no edifício mais alto de João Pessoa, tive uma sensação que me marcou: o traçado da cidade, ruas, casas, praças, edifícios, galpões, ginásios cobertos, placas sinalizadoras e fábricas formavam desenhos em blocos compactos com seus telhados de diversas águas...”

“Eu sempre tenho a sensação, no momento da criação, que todo projeto executado é sempre um protótipo de algo maior, para um espaço mais democrático, para o público que circula nas cidades”, diz o artista.

Composições geométricas agrupadas, com inclinações e arquiteturas diferentes: o colonial, o barroco das igrejas, edificações dos anos 1950 entre outras. Começava aí a sua visão ampla do traçado da cidade. Do alto, a limpeza das formas e o equilíbrio o impressionaram profundamente. Essa experiência de infância potencializou o destino da sua obra e ativou um mecanismo de observação da tridimensionalidade e a percepção da volumetria dos equipamentos urbanos, como, posteriormente, de outras cidades do Brasil e do mundo que conheceu.

“Na série de esculturas bidimensionais, procuro resgatar a história e o urbanismo daquela cidade inicial, na tentativa de reordená-la plasticamente, com o uso do aço polido, na maioria das vezes, do que restou após tantas mudanças nos estilos arquitetônicos das construções originais”.

A OBRA PÚBLICA

Suas obras, que trazem formas abstratas e geométricas, têm um vocabulário próximo da tradição construtivista brasileira, como afirma o crítico de arte Ricardo Resende, que também assina um texto no catálogo da mostra. E um ciclo se fecha no ano de 2009 e início de 2010, quando Erickson Britto participou de um concurso municipal e foi escolhido com mais cinco artistas, para instalar obras de arte de grandes dimensões em espaços públicos na cidade de João Pessoa. Enfim, ambientes que possibilitam o direito à cultura.

“Saudação ao Sol”, obra pública selecionada pelo concurso da Prefeitura de João Pessoa, traz uma linguagem conceitual e figurativa ao mesmo tempo. A obra remete à cidade onde, por sua situação geográfica como ponto mais oriental das Américas, se cultua a poesia de que é lá onde o sol nasce primeiro, bem como a relação do homem com suas divindades representadas pela natureza, pois João Pessoa é a terceira cidade mais verde do mundo. Todos esses conceitos estão inseridos nesta obra selecionada.

O presidente da comissão julgadora do concurso, escritor, artista plástico e dramaturgo, W. J. Solha, que também assina um texto no catálogo da mostra, afirma:

“O projeto Saudação ao Sol, empolgou de imediato a todos da comissão. São seis totens intensamente vermelhos, maciços e densos – evidentemente projetados para encararem o sol onde ele nasce primeiro nas Américas – João Pessoa – e que encheram os olhos e a imaginação de todos, pela força de sua presença, além da clara mensagem de veneração à vida. O coletivo sem especificação de cor, sexo, raça, representado por seis e não apenas um totem, o ambiente e o sol incorporados ao seu conceito. Impossível chegar mais perto da essência do que somos e do que precisamos: a vida e a luz. Impressionou a capacidade de dizer tanto com tão pouco. Tivemos, naquele momento, a certeza de que acabava de surgir um novo poeta da forma”.

Nesse breve percurso de produção de sua obra, pode-se analisar que a observação inicial da volumetria da cidade possibilitou esse olhar critico dos espaços urbanos, que se transformaram em jóias, caixas, objetos, esculturas, e hoje ele devolve esse olhar para a sua cidade natal, através da sua criação, uma obra de grande dimensão, interferindo nos espaços públicos e possibilitando à população uma convivência harmônica entre a arte e a cidade.

Nessa mostra, Erickson convida o visitante a explorar todas as possibilidades de observação de cada obra, possibilitada pelo visão 360°, numa aproximação dos princípios da gestáltica, a partir do deslocamento do ponto de observação, explorando os diversos ângulos como partes, em oposição a soma do todo. Esse deslocamento simbólico do olhar permite uma nova realidade visual, trazendo um diálogo que muitas vezes encontra respaldo conceitual quando levado para as questões pessoais do observador. Aquele olhar inicial dos volumes da cidade ainda está presente na série “Equilíbrio Vazio” e em outras obras recentes, onde ele também pesquisa questões como, por exemplo, o equilíbrio; transparência e opacidade; cheio e vazio, tão presente no percurso de Franz Weismann cujos espaços vazios se tornaram concretos; linhas inflexíveis e maleáveis ao olhar, como nas obras monumentais de Richard Serra que além de se posicionar no percurso natural do transeunte, sugerem ao corpo do observador um novo ponto de equilíbrio, como um pêndulo que busca corrigir suas referências; o campo simbólico em algumas obras em contraposição com a rigidez formal de outras; economia de formas e a simplicidade do minimalismo como proposto por Donald Judd; o corte, recorte e dobras nas questões trazidas pela obra de Amilcar de Castro onde o corte não é adereço, mas estrutural; além do ritmo das linhas que criam espaços, proposto por Fred Sandback.

A mostra e o catálogo trazem ainda comentários do Crítico de Arte Ricardo Resende, museólogo Osvaldo Gouveia, arquiteta e designer Janete Costa e do paisagista e artista plástico Roberto Burle Marx.

SOBRE O ARTISTA

Erickson Britto nasceu em João Pessoa, viveu em Recife por 16 anos e hoje mantém residência em Fortaleza onde tem ateliê. Ele tem um percurso inverso de outros artistas. Começou experimentando as formas através da criação de jóias. Mas ao perceber as facilidades do ouro, fascinante por si mesmo e que invariavelmente toda obra produzida seria denominada de jóia, decide abandonar temporariamente aquele nobre metal, começa a laborar em prata, forçando-se a obter resultados igualmente nobres, através da superação pelo design. As produções desse período podem ser conferidas no site do artista www.ericksonbritto.com.br .

Com graduação em Comunicação, suas pesquisas, experiências e atividades passam também por projetos gráficos, produção e direção de filmes institucionais, participação em Festival de Curtas, restauração de acervos de jóias de Museus, produção e curadoria de exposições, além de cursos nas áreas de design, cinema, gestão da cultura, administração e preservação de reserva técnica, produção e montagem de exposições, entre outros voltados para o aprofundamento da arte contemporânea. Leva agora sua pesquisa para o ambiente acadêmico onde, na UFBA, vai buscar aprofundar sua poética visual. “Todas essas inquietações me levam a necessidade de uma compreensão mais profunda da minha produção, tanto do ponto de vista de embasamento teórico, quanto do conhecimento dos artistas, movimentos e escolas que estão diretamente influenciando essa poética visual”, Afirma Erickson.

A partir de sua observação da cidade, iniciou sua pesquisa como designer de jóias, ampliou sua percepção e aos poucos o corpo, como suporte de sua obra, cedeu lugar ao ambiente e ao espaço público, e a jóia toma definitivamente sua forma escultórica. Nascem as primeiras esculturas sob forma de pequenos troféus em prata, aço e outros materiais, que evoluem em suas formas e dimensões e invadem espaços, ambientes e cidades. O resumo da obra desse artista pode ser conferido no Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, em Fortaleza, no período de 10 de agosto a 02 de outubro de 2011.

Erickson afirma “Essa necessidade de seguir criando, me remete ao poeta Ferreira Gullar:

“A arte existe porque só a vida não basta”.

Centro Cultural BNB


Abertura de Exposição CCBNB

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