Embriagada ... eu quero desabafar !

Teatro José de Alencar COMENTÁRIOS

Embriagada ... eu quero desabafar !

Tragicomédia inspirada na obra de Clarice Lispector e nas canções de Núbia Lafayette.



O espetáculo Embriagada...eu quero desabafar! é um texto inspirado na obra de Clarice Lispector (Laços de Família, A Hora da Estrela, A Paixão Segundo G. H.) e nas canções da grande compositora e interprete da música brasileira, Núbia Lafayette. A peça relata a vida cômica e trágica de Dolores, uma mulher feia, datilógrafa, semi-analfabeta, magra, casada há dez anos com um marido machista, egoísta, ignorante e estúpido. Embriagada e em meios a devaneios, diante da situação em que se encontra - a beira de um ataque de nervos - ela resolve desabafar tudo aquilo que a sufocava, que estava preso na garganta.

De forma sutil, cômica e quase trágica, Dolores conta suas angústias, decepções, sonhos, traições e sua “anti-vida” com seu marido “Amado”.

Afinal, o que pode acontecer entre quatro paredes e na intimidade diária de um casal juntos há dez anos???

A Montagem

Penetrar no universo feminino não é uma tarefa fácil. Fazer uma personagem feminina, ser sutil, sentir-se mulher, casada, solitária, angustiada, repleta de conflitos, sonhos fracassados, sendo homem, também não é uma coisa que se faz da noite para o dia. Mas esse foi um desafio a percorrer. As palavras poéticas de Clarice Lispector e as canções inesquecíveis de Núbia Lafayette, conduziram-me ao sublime da construção de um texto que pudesse ajustar num só conceito de poesia essas duas mulheres que mexeram com o mundo de muitas outras mulheres através de suas palavras ditas e/ou não ditas, apenas, sentidas.

O fato é, que, Demonstrar frustrações, desejos e vontades...embriagar-se nas dores de Dolores... mulher... mãe... sem fazer clichês, dentro de uma poética onde a palavra é um forte, a submissão é um forte, o sentimento é um forte, o monólogo interior é um forte, a presença da ausência é um forte, a vida a um (dois) é um forte, foi o que tornou esse espetáculo uma grande experiência minha quanto ator e quanto pesquisador do enigmático mundo literário.

O texto situa-se numa confluência de paradigmas que entretece e destece, pondo o espectador numa espécie de tensão ilusória facilitada pela personagem Dolores em situações da vida diária, mas num intenso lirismo. As cenas nos colocam diante de um realismo-naturalismo e de um romantismo-simbolismo significante, uma vez que, encontram-se veios recessivos que criam um entrelaçamento entre realidade e a “realidade adivinhada”, produzindo uma poética que lhe é própria.

Desafios foram lançados. Desafios múltiplos: uma produção sem dinheiro, estréia fora da capital cearense (estreamos em Guaramiranga – maio de 2009), monólogo, reassumindo um grupo que estava desativado há três anos e outros desafios.

Era preciso coragem. Como num ritual dionisíaco, Dolores, embriaga-se. Palavras repletas de sentimentos ecoam pelos quatro cantos do palco, como a forte batida de um coração alado. Eu quero desabafar...!

Clarice Lispector nasceu em Tchetchelnik, pequena cidade da Ucrânia, e chegou ao Brasil aos dois meses de idade, naturalizando-se brasileira posteriormente. Criou-se em Maceió e Recife, transferindo-se aos doze anos para o Rio de Janeiro, onde se formou em Direito. Trabalhou como Jornalista e destacou-se na carreira literária. Viveu muitos anos no exterior, em função do casamento com um diplomata brasileiro. Teve dois filhos e faleceu em dezembro de 1977, no Rio de Janeiro.

Núbia Lafayette - Uma das maiores intérpretes e compositoras da música brasileira. Dentre suas canções mais conhecidas, destacam-se os seguintes títulos: Lama, Fracasso, Aliança com filete de prata, Casa e comida, Devolvi, Hino ao amor, Mata-me depressa e Amargura. Núbia Lafayette participou recentemente do Programa “Rei Majestade”, exibido pelo SBT, e logo depois, em 2007, veio a falecer, deixando-nos sua eterna poesia.

A Cia. Teatral Moreira Campos

A Cia. Teatral Moreira Campos foi fundada no ano de 1998, por alunos do Curso de Letras e do Curso de Arte Dramática da Universidade Federal do Ceará, tendo como principal objeto de pesquisa obras da literatura brasileira e universal.

Ao longo de onze anos, vários atores e diretores da classe artística de Fortaleza passaram pelo grupo. A companhia participou de festivais locais e regionais de teatro, sendo indicada a prêmios. Montou três esquetes e oito espetáculos: A Morte e a Alta Costura (1998-2001), Odisséia I (1999), Odisséia II (2000), Relembranças (2001), Agosto (2001-2002), Os Sertões (2002-2004), A Casa (2004-2005), Embriagada...eu quero desabafar (2009...).

O nome do grupo é uma homenagem a um dos maiores contistas da literatura cearense, Moreira Campos, nascido na cidade de Senador Pompeu, em janeiro de 1914. Foi professor da Universidade Federal do Ceará, membro da Academia Cearense de Letras e integrante do grupo literário Clã. É autor, dentre outras obras, do livro de contos Dizem que os cães vêem coisas. Moreira Campos faleceu em Fortaleza, em maio de 1994.

O Ator

Wellington Rodrigues é formado em Letras, Especialista em Cultura Clássica e Mestrando em Literatura Brasileira pela Universidade Federal do Ceará. Também é formado pelo Curso de Arte Dramática da UFC. Fundador da Cia. Teatral Moreira Campos. Ao longo de onze anos no teatro como ator e produtor, fez 14 espetáculos. Foi indicado pelo Prêmio Balaio do Ceará nas seguintes categorias: Melhor Produção, Ator Revelação e Ator Coadjuvante. Participou como ator convidado de espetáculos montados pela Companhia Palmas Produções Artísticas, pelo Grupo Palcos Produções Artísticas e pelo grupo Bilu Bila de Teatro.

Dias 01, 08, 15, 22 e 29 de JULHO às 19h no Morro do Ouro (anexo ao Theatro José de Alencar

Cia Teatral Moreira Campos

Texto, direção e interpretação de Wellington Rodrigues

19h no Morro do Ouro

ingressos R$ 14,00 - R$ 7,00

Classificação: 15 anos

Duração: 60min

Mais com: wellrodrigues2006@yahoo.com.br / Fone: 8801-9645 / 8804-5161 /34762361 (Wellington Rodrigues)

Ficha Técnica

Pesquisa, texto, direção, concepção, atuação, iluminação, sonoplastia, figurino, maquiagem e produção executiva: Wellington Rodrigues

Execução de Iluminação: Gisleno Maia

Execução de Sonoplastia: Marcos Aurélio

Montagem de Iluminação: Sr. Gutemberg e Sr. Expedito

Criação de Material Gráfico: Márcio Martins

Fotos: Gisleno Maia

Teatro José de Alencar


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