Exposição 'Campo Branco' reunirá obras de seis artistas visuais mineiros

Centro Cultural BNB COMENTÁRIOS

Exposição 'Campo Branco' reunirá obras de seis artistas visuais mineiros

Com entrada franca, a mostra ficará em cartaz até 1º de abril deste ano (horário de visitação: terça-feira a sábado, de 10h às 20h; e aos domingos, de 12h às 18h).



O Centro Cultural Banco do Nordeste-Fortaleza (rua Floriano Peixoto, 941 - Centro - fone: (85) 3464.3108) abrirá na próxima quinta-feira, 1º de março, às 18 horas, a exposição coletiva "Campo Branco", reunindo obras de seis artistas visuais mineiros. São eles: Francisco Magalhães, Isaura Pena, Júnia Penna, Pedro Motta, Ricardo Homen e Rodrigo Borges. Com entrada franca, a mostra ficará em cartaz até 1º de abril deste ano (horário de visitação: terça-feira a sábado, de 10h às 20h; e aos domingos, de 12h às 18h).

A exposição tem o objetivo de apresentar a produção recente de seis artistas visuais mineiros, que vêm realizando trabalhos significativos no cenário da arte contemporânea. Os artistas desenvolvem pesquisas plásticas que, apesar da diversidade de meios e interesses, apontam alguns procedimentos em comum. Estes procedimentos revelam uma aproximação poética entre as obras, presente na espacialidade, na noção de vazio e no sentido construtivo. As referências geográficas apresentam-se como ponto de interesse para este grupo de artistas que trata a geometria de uma forma "orgânica", e busca, no trabalho com a superfície e o espaço, o palco de suas ações artísticas.

Observação do lugar: ferramenta para obras artísticas (texto de Francisco Magalhães)

Tentar falar do mundo através da observação do lugar parece-nos comum aos interesses dos geógrafos, biólogos, físicos, sociólogos, antropólogos e artistas. A observação atenta dos fatos sociais, do relevo, da vegetação, dos movimentos demográficos, dos movimentos naturais, das etnias e das práticas desenvolvidas especificamente por uma determinada cultura são, para aqueles que trabalham no campo da ciência e da arte, uma ferramenta eficiente no desenvolvimento de seus pensamentos, enfim, de suas obras.

Para os cientistas, a observação dos fatos pode se dar de maneira aparentemente dissociada de suas histórias individuais. A paisagem é, em princípio, algo diverso, dissociado da vontade que os move em direção à compreensão do mundo, do lugar. E os artistas, de que forma se dá a observação dos artistas? O que o artista olha? O que ele vislumbra? Quais serão os seus métodos? Para os artistas, a paisagem aparece de forma quase atávica - o artista sempre estará falando do lugar. Para aquele que trabalha no campo da arte, a experiência de sua própria incursão no mundo, suas memórias, serão marcas determinantes em suas formas de criação.

Será objeto de curiosidade para o artista tudo aquilo que pode ser abarcado pelos sentidos: seu olhar perscrutador percebe a paisagem, vivencia o espaço. Absorve-o, toma-o para si, para depois transfigurá-lo dentro do embate criativo - a arte. Ao tentar compreender o que se dá no campo banal, o artista aproxima-se da essência do binômio homem/paisagem. Uma aproximação que resulta em reflexões (ação não-natural) sobre o lugar, a paisagem e sobre si mesmo. Imaginemos o artista sendo uma árvore na paisagem, um organismo alimentando-se do substrato do mundo, erguendo-se e sendo parte do lugar - modificando e sendo modificado.

O artista compreenderá o lugar ao considerar a paisagem como tudo aquilo que pode ser abarcado pelo "olhar" - a paisagem no seu entendimento mais amplo. Vale lembrar que esse vislumbre se dará pelos diversos sentidos e, se os olhos são mesmo as janelas da alma, podemos imaginar o artista como uma janela descerrada para a paisagem, estando em e sendo dela a parte mais íntima, recôndita.

Aberto para a paisagem, o artista soma-se ao mundo. Ao observar e descrever a natureza, o lugar a partir de suas experiências e memórias, o artista nos oferece a possibilidade de compartilhar sua busca, o seu objeto, seus fazeres - a sua paisagem interior, o seu lugar no mundo.

O termo "caatinga" é originário do tupi-guarani e significa mata branca. "Paisagem interior", a parte mais dentro do Brasil, sob um mesmo céu: Minas Gerais e Ceará. O termo "campo branco", que dá nome à exposição apresentada pelo Centro Cultural Banco do Nordeste, alude a um lugar supostamente árido, lugar ainda por ser, suporte/território no qual esses artistas estabelecem suas criações. Referências geográficas apresentam-se como interesse para este grupo. Esta ideia os reúne, ecoa como uma presença comum: a paisagem. Entendida não como gênero, mas como espaço vivo/lugar, território de toda criação. Esse território, ainda por ser, traz para a proposta uma ideia de diversidade e extensão, e que vai ao encontro da diversidade de produção que este grupo de artistas apresenta. A paisagem aparece, aqui, de diferentes formas, por vezes evidente. Em alguns momentos de maneira mais formal, em outros, mais simbólica. Isaura Pena, Pedro Motta, Francisco Magalhães, Júnia Penna, Ricardo Homen e Rodrigo Borges revelam uma aproximação poética entre as obras, presente na espacialidade, na noção de vazio e no sentido construtivo, e buscam, no trabalho com a superfície, o espaço, a matéria, o símbolo, o lastro para suas ações.

Currículos resumidos dos artistas

FRANCISCO MAGALHÃES (Mutum, MG, 1962) - Artista visual formou-se pela Escola Guignard. Trabalha e reside em Belo Horizonte. Responsável pela idealização de projetos, mostras e ações em Museus, Fundações de Cultura e Espaços Culturais. Entre os anos 2005 a 2011 dirigiu o Museu Mineiro, responsável pela concepção e coordenação de projeto museais, entre eles o "O Museu Guardas" que recebeu o Selo do Prêmio Cultura Viva - 2010 MINC. Em 2011 recebeu o Prêmio Rumos Educação Cultura e Arte 2011/213. Participou mostras coletivas e individuais. Recebeu os prêmios: Grande Prêmio Prefeitura de Belo Horizonte no 16° Salão de Arte da Pampulha, Premio Mostra Individual no 44° Salão de Arte Contemporânea do Paraná - Curitiba, o Prêmio no 42° Aquisitivo Banco Econômico no XXXVIII Salão de Arte Contemporânea de Pernambuco e o Prêmio Especial Alfredo Ceschiatti - Escultura e Objeto, no 19° Salão de Arte da Pampulha, entre outros. Como cenógrafo foi indicado ao Prêmio Sated, em 2008. Tem obras nos acervos do MAP- BH / MAC - Curitiba / Museu de Arte de Pernambuco / Fundação Clóvis Salgado - BH e coleções particulares.

ISAURA PENA (Belo Horizonte, MG, 1958) - Graduada em desenho pela Escola de Belas Artes da Universidade Federal de Minas Gerais, em 1983, frequentou a Escola Guignard em Belo Horizonte, de 1978 a 1979, e o Núcleo Experimental de Arte, dirigido por Amilcar de Castro, Museu de Arte da Pampulha, de 1980 a 1982. Entre suas exposições individuais estão mostras no Museu de Arte da Pampulha (Belo Horizonte, MG), em 2007; na Galeria Anna Maria Niemeyer (Rio de Janeiro, RJ), em 2006; e na Gesto Gráfico Galeria de Arte (Belo Horizonte, MG), em 2004. Entre as coletivas destacam-se Geometria Impura - MAM da Bahia (2009), Geometria Impura - Palácio das Artes- Belo Horizonte (2006), 2x2 (2005), Onde está você, Geração 80? (2004) e Tecendo o Visível (2003). participou de salões de arte em todo o Brasil, recebendo o Prêmio de Artista Convidada do II Salão Baiano (1989), o Prêmio Aquisição no X Salão Nacional de Artes Plásticas (1988) e o Prêmio no XIX Salão Nacional de Arte de Belo Horizonte (1986). É professora na Escola Guignard - UEMG desde 1995.

JÚNIA PENNA (Belo Horizonte, MG, 1966) - Mestre em Artes Visuais da Escola de Belas Artes/UFMG. Entre suas principais exposições individuais estão Estranho no Parque das Mangabeiras (Belo Horizonte, MG), em 2010; Trama, no Campus da UFMG, em 2003 e uma mostra na Galeria Gesto Gráfico (Belo Horizonte, MG), em 2001. Entre as mostras coletivas, destacam-se Geometria Impura - MAM da Bahia (2009), Geometria Impura - Palácio das Artes- Belo Horizonte (2006), Nem tudo azul, na Gesto Gráfico Galeria de Arte (2007), A Regra do Jogo (2002), Escultura Mineira (1999) e 25º Salão Nacional de Arte de Belo Horizonte (1998). Em 2005 recebeu bolsa da Pollock-Krasner Foudation e em 1991 o Prêmio Aquisição do XXIII Salão Nacional de Arte da Prefeitura de Belo Horizonte. É professora na Escola Guignard - UEMG desde 2003.

PEDRO MOTTA (Belo Horizonte, MG, 1977) - Bacharel em desenho formado pela Escola de Belas Artes, UFMG em 2002. Entre suas principais exposições individuais estão mostras no Oi Futuro (Rio de Janeiro, RJ), em 2009; Box 4 Galeria (Rio de Janeiro, RJ), em 2008; Museu da Pampulha (Belo Horizonte MG), em 2004. Entre as mostras coletivas, destacam-se Noorderlicht Gallery, Groningen, Holanda; Paralela 2010 - Geometria Impura - MAM da Bahia (2009), Contemplação do Mundo, Liceu de Artes e Ofícios, São Paulo; 20 anos do Programa de Exposições do CCSP, São Paulo; 2ª Bucharest Biennale, Bucharest, Romênia; 5ª Bienal Internacional de Fotografia e Artes Visuais de Liège, Bélgica; Fotografia Contemporânea Brasileira, Neue Berliner Kunstverein. Berlim, Alemanha;14ª Coleção Pirelli/Masp de Fotografias, Masp, São Paulo, SP; Arte Brasileira Hoje, Coleção Gilberto Chateaubriand, MAM, Rio de Janeiro, RJ. Em 2008 publicou junto com Pedro David e João Castilho o livro Paisagem Submersa pela editora Cosac Naify e Temprano, Conexão Artes Visuais Funarte, 2010.

RICARDO HOMEN (Belo Horizonte, MG, 1962) - Cursou Artes Plásticas na Escola Guignard / UEMG de 1983 a 1988. Entre as exposições individuais estão mostras no Centro Universitário Maria Antonia (SP), em 2002; no Palácio das Artes (Belo Horizonte, MG), em 2001; e no Centro Cultural São Paulo (SP), em 1997. Entre as mostras coletivas destacam-se Geometria Impura - MAM da Bahia (2009), Geometria Impura - Palácio das Artes- Belo Horizonte (2006), Nem tudo azul (2007), Diálogos 2002 - Tangenciando Amílcar (2002) e Coletiva Sobre Papel (2000), Prospecções: Arte nos Anos 80 e 90 em BH, Palácio das Artes, BH. Participou e foi premiado em diversos salões de arte na década de 80.

RODRIGO BORGES (Governador Valadares, MG, 1974) - Mestre em Artes Visuais na Escola de Belas Artes/UFMG, Belo Horizonte, MG. Entre suas principais exposições individuais estão Embrulho no Espaço Cultural Cemig Galeria de Arte, em Belo Horizonte (2010) e a I Mostra do Programa de Exposições 2005 no Centro Cultural São Paulo. Já entre as mostras coletivas, destacam-se Bomserá (2010), Geometria Impura - MAM da Bahia (2009), Fiat Mostra Brasil (2006) e Disposição (2005). Foi um dos artistas selecionados no Programa Rumos Itaú Cultural Artes Visuais edição 2001/2003. É professor da Escola de Belas Artes desde 2005.

 

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