Livro e palestra tentam compreender os vários aspectos das cidades na obra musical de Chico Buarque

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Livro e palestra tentam compreender os vários aspectos das cidades na obra musical de Chico Buarque

O texto do livro é resultado do encontro com essa riqueza e a tentativa de compreender, dentro de sua obra, os vários aspectos das cidades.



A jornalista e publicitária Cristina de Almeida Couto apresentará o tema “As Cidades de Chico Buarque”, dentro do programa Troca de Ideias, no Centro Cultural Banco do Nordeste-Fortaleza (rua Floriano Peixoto, 941 – Centro – fone: (85) 3464.3108), no próximo dia 04 de agosto (quinta-feira), às 18h30.

O tema da palestra gratuita decorre de livro homônimo de sua autoria, onde ela analisa cinco músicas do célebre compositor: “As vitrines” (1981), “Construção” (1971), “Geni e o Zeppelin” (1978), “A Banda” (1966) e “Vai Passar” (1984). A pesquisadora debaterá o tema com Nelson Barros da Costa, professor-doutor em Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), e com o público presente ao CCBNB-Fortaleza.

Para Cristina de Almeida Couto, estudar Chico Buarque é “algo fascinante. Confesso que refazia este trabalho tantas vezes quantas fossem necessárias. Fiquei perplexa ao tentar analisar as canções, pois cada vez que as lia, mais riqueza descobria e mais detalhes sutis encontrava. Ele tem a capacidade de colocar em cada sentença, em cada frase e em cada contexto a palavra certa. O texto do livro é resultado do encontro com essa riqueza e a tentativa de compreender, dentro de sua obra, os vários aspectos das cidades”.

Segundo a autora, “as canções escolhidas para a análise versam sobre temas que se relacionam entre si, formando um elo de acontecimentos e consequências que se completam e revelam a realidade dos fatos que ocorreram na época em que foram lançadas, bem como os aspectos da cidade”.

O resultado da pesquisa está dividido em três capítulos. O primeiro – Chico Buarque - o Tempo e o Artista – apresenta aspectos de sua vida, obra, trajetória artística e sua divergência com o Regime Militar, época em que suas canções foram proibidas pela censura de serem gravadas e tocadas. Em decorrência, e aconselhado por alguns amigos, Chico Buarque, com autorização da Polícia Federal, viajou para a França e resolveu auto exilar-se na Itália. Ainda neste capítulo é discutida a relação do compositor com as cidades.

No segundo capítulo, intitulado “As Muitas Faces de uma Cidade”, são analisadas três das cinco canções escolhidas: “As vitrines”, “Construção” e “Geni e o Zeppelin”. “As Vitrines” discute a cidade do consumo, do fetiche e da sedução, através da publicidade. De modo pouco óbvio, Chico Buarque trata da sociedade de consumo e de sua presença na cidade. É possível perguntar: através da canção, de que forma o consumo se constitui como cultura? Que tipo de sensibilidade à sociedade de consumo constrói? Como os habitantes da cidade são afetados pela presença e oferta de produtos? Que paisagem essa sociedade produz e oferece aos habitantes da cidade?

A canção “Construção” trata da cidade como sinônimo de trabalho, a cidade vista e vivida pelo trabalhador da construção civil, um homem excluído que vive fora dos padrões estabelecidos pela sociedade. E em “Geni e o Zeppelin”, o compositor retrata o lado marginalizado da cidade, o preconceito e as formas de poder nela existente.

No terceiro capítulo, “A Transformação da Cidade”, foram analisadas as duas últimas canções. Em “A Banda”, Chico Buarque discute a transformação da cidade com a chegada da modernidade do Brasil. É uma canção nostálgica, cheia de lirismo, que provoca como que uma suspensão de tempo na cidade, para receber o grande e novo acontecimento, e a forma como seus habitantes encararam o evento.

Com a canção “Vai Passar”, Chico Buarque encerra o ciclo de divergência com o Regime Militar, que estava chegando ao fim. Ele fala da transformação da cidade durante o carnaval, da liberdade que o evento proporciona aos seus habitantes, da popularidade da festa e da rememorização espaço-temporal.

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