CCBNB-Fortaleza abre duas exposições

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CCBNB-Fortaleza abre duas exposições individuais de artes visuais na próxima terça-feira, 3, às 19h

Uma autobiografia expressa no diálogo de formas plásticas no espaço de sua casa.



O Centro Cultural Banco do Nordeste-Fortaleza (rua Floriano Peixoto, 941 – Centro – fone: (85) 3464.3108) abre duas exposições individuais de artes visuais na próxima terça-feira, 3 de fevereiro, às 19 horas. São elas: “+ Um Dia...”, de Claudia Sampaio, com curadoria de Adriana Barroso Botelho; e “Desenhos e Outras Situações de Risco”, de Járed Domício, com curadoria de Bitu Cassundé. Gratuitas ao público, as exposições ficam em cartaz até o próximo dia 21 de março (horários de visitação: terça-feira a sábado, de 10h às 20h; e domingo, de 10h às 18h). Em “+ Um Dia...”, Claudia Sampaio busca um diálogo entre o público e o privado, levando para a exposição as marcas do seu cotidiano num diário íntimo inscrito nas paredes de sua casa, agora transferido para o espaço da mostra. Por sua vez, a exposição “Desenhos e Outras Situações de Risco”, de Járed Domício, é o resultado de uma pesquisa artística sobre o ato de desenhar. Nela, o risco e o traço são avaliados sob a ótica de diferentes técnicas e formas de observar. + Um Dia...: uma poética do tempo (texto de Adriana Botelho) A artista Claudia Sampaio inicia em 2004 um diário íntimo revelando seu percurso de vida. Uma autobiografia expressa no diálogo de formas plásticas no espaço de sua casa. Apropria-se de paredes e pisos. As paredes estão preenchidas de suas marcas, fissuradas, grafitadas, arrancadas... deixando visível o reboco estrutural, partes delas remendadas com band-aid, casa-corpo. A casa como metáfora do percurso da existência. Nela coabitam sua memória familiar, as fotos de parentes, dos amigos, os amores, raios-x, imagens sacras, dinheiro-coleção do tio, a grade da casa do avô. Tudo impregnado do tempo passado, registrados no presente. Nos objetos do seu cotidiano, ela sobrepõe camadas de pigmento de cor, estão imersos em volumes de resina incolor. Apreensão do tempo. Suspenso no canto do pé direito da sala de entrada, existe um casulo. Espaço em transformação. Um contraponto à imobilidade dos materiais envolvidos na resina. Tudo contém a passagem do tempo, na ferrugem dos metais, no esmaecimento das cores, no pó das paredes, no mofo do ar. As palavras fazem linhas em trajetórias pela casa. São frases tiradas das músicas que escuta enquanto registra. Tudo impregnado dos sentidos. O trabalho de Claudia é fruto das questões artísticas relacionadas ao relato extremamente pessoal que veio das experiências estéticas dos artistas Kurt Schwitters (casa Merz), Joseph Beauys, Leonilson e Farnese de Andrade. O universo denso do privado se propõe a interpenetrar o espaço público do museu. Espaço de subjetividade. Desenhos e outras situações de risco (texto de Bitu Cassundé) A bifurcação semântica que se localiza na palavra “risco” também habita a produção de Járed Domício. A exposição Desenhos e outras situações de risco traça a poética desenvolvida pelo artista nos últimos anos. Com uma sintaxe construída na estruturação de um vocabulário plástico, marcado por pesquisas que revelam em sua arqueologia referências construtivas, minimalistas e pós-minimalistas, o processo do artista se localiza na estruturação do “risco”, na ousadia de direcionar suas pesquisas para diversas linguagens como a fotografia, a escultura, a pintura, a instalação, o vídeo e o objeto, ao traçar com coerência e posicionamento sua obra na produção contemporânea brasileira. Com trabalhos geralmente associados à arquitetura, à desconstrução ou ao desequilíbrio dessa arquitetura, as pesquisas do artista se relacionam com mais intensidade nas questões do espaço, como é habitado e manipulado. Essa manipulação ou crítica espacial – que permeia o corpo/arquitetura de ações nas instituições ou na cidade e que reflete aspectos políticos e sociais de uma forma direta ou não – percorre um conjunto significativo de suas obras como: área de insegurança (2003), vala comum (2005), lugar solúvel (2006), redesenho (2007) etc. Entre os site-specifics citados, redesenho é um dos trabalhos que compõe a mostra. E se existe um elemento fundador na poética de Domício, poderíamos citar o desenho como agente norteador. O desenho revela-se dentro da sua produção como uma força potencializadora de pensar o risco/traço/linha, além de ser utilizado como um canal de reflexão para o exercício da sua poética. É na construção de uma nova espacialidade através do desenho, que a arquitetura surge nas intervenções do artista. Refletir sobre a espacialidade presente na poética de Domício é observar construções plásticas que falam de vários espaços, é também discutir sobre as camadas existentes nas diversas aproximações que formam o espaço residual. Michel Foucault na conferência intitulada “De Outros Espaços”, proferida em 1967, discute o Espaço/Lugar e observa as relações construídas por esses: “A nossa época talvez seja, acima de tudo, a época do espaço. Nós vivemos na época da simultaneidade: nós vivemos na época da justaposição, do próximo e do longínquo, do lado-a-lado e do disperso. Julgo que ocupamos um tempo no qual a nossa experiência do mundo se assemelha mais a uma rede que vai ligando pontos e se intersecta com a sua própria meada do que propriamente a uma vivência que se vai enriquecendo com o tempo”. Esses espaços que Járed problematiza refletem questões que percorrem a sua poética e se conectam na formação de uma rede, campo de atuação, revelando interesses como: arquitetura, corpo, auto-retrato, linha, ironia, natureza etc. Em alguns trabalhos como o site-specific “redesenho’’, o espectador é agente ativo na percepção da obra. Há um ponto exato no qual a imagem deve ser observada e a proposição convoca a interagir com o que se olha. Georges Didi-Huberman ao analisar o processo poético da imagem observa: “o que vemos só vale – só vive – em nossos olhos pelo que nos olha. Inelutável, porém, é a cisão que se separa dentro de nós o que vemos daquilo que nos olha. (...) o ato de ver só se manifesta ao abrir-se em dois (...)” . As imagens produzidas por Járed resgatam esse olhar atento do espectador, capturam aquele que a observa e o convidam a uma troca. É nessa bifurcação que se encontra uma cumplicidade entre os dois olhares, entre as percepções e os estados de sinestesia estabelecidos. Gaston Bachelard n’ A Poética do Espaço observa sobre as construções das poéticas artísticas e analisa o caráter residual na produção de uma imagem: “as grandes imagens têm ao mesmo tempo uma história e uma pré-história. São sempre lembrança e lenda ao mesmo tempo. Nunca se vive a imagem em primeira instância”. ENTREVISTAS E INFORMAÇÕES ADICIONAIS: · Claudia Sampaio – (85) 9995.0732 / 3262.1846 – claudiasampaio15@gmail.com · Adriana Barroso Botelho (curadora da exposição “+ Um Dia...”) – (85) 9907.4509 / 3268.2525 – botelho.drica@gmail.com · Járed Domício – (85) 9942.5898 / 3236.7783 – jareddomicio@yahoo.com.br · Bitu Cassundé (curador da exposição “Desenhos e outras situações de risco”) – (85) 8825.2210 / 3347.7382 – bitu_cassunde@yahoo.com.br · Jacqueline Medeiros (coordenadora de Artes Visuais do CCBNB-Fortaleza) – (85) 3464.3184 / 8851.5548 – jacquerlm@bnb.gov.br · Carmen Paula (gerente do CCBNB-Fortaleza) – (85) 3464.3111 / 8635.6031 – cpaulavm@bnb.gov.br · Luciano Sá (assessor de imprensa do Centro Cultural Banco do Nordeste) – (85) 3464.3196 / 8736.9232 – lucianoms@bnb.gov.br

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